" Após adaptar-me mais ou menos a essa nova vida, ocorreu-me como vos poderia rever e solicitei de um instrutor informação a respeito.
-"Sabes em que direção está a Terra?" - perguntou ele com bondade.
Diante de minha natural ignorância, apontou-me com a destra um ponto obscuro que se perdia na imensidade, recomendando fitá-lo atentamente.Afigurou-se-me vê-lo crescer dentro de um turbilhão de sirocos indescritíveis.Parecia-me contemplar a impetuosidade de um furacão a envolver grande massa compacta de cinzas enegrecidas.
Tomada de inusitado receio, desviei o olhar; porém, o meu solícito guia, exclamou com brandura:
-"Lá está a Terra com os seus contrastes destruidores; os ventos da iniquidade varrem-na de pólo a pólo, entre os brados angustiosos dos seres que se debatem na aflição e no morticínio. O que viste é o efeito das vibrações antagônicas, emitidas pela humanidade atormentada nas calamidades da guerra. Lá alimentam-se as almas com a substância amargosa das dores e sobre a sua superfície a vida é o direito do mais forte. Triste existência a dessas criaturas que se trucidam mutuamente para viver.
São comuns, ali, as chacinas, a fome, a epidemia, a viuvez, a orfandade que aqui não conhecemos...Obscuro planeta de exílio e de sombra! Entretanto, no universo, poucos lugares abrigarão tanto orgulho e tanto egoísmo! Por tal motivo é que esse mundo necessita de golpes violentos e rudes.
Busca ver naquelas regiões ensanguentadas o local em que estiveste.Pensa nos que lá deixaste, cheios de amargurosa saudade! Deus permite e eu te auxilio."
Trecho do livro : Cartas de Uma Morta - Ditado por Maria João de Deus -mãe de Chico Xavier/ Psicografada por Chico Xavier.
O que mais me chamou a atenção nesse trecho foi o modo com que ela vê a Terra à distância. Enquanto astronautas vêm a Terra de longe tão linda, azulada. A visão espiritual é tão triste. E saber que todos nós somos responsáveis, através de nossos atos e pensamentos, dói. Pra mim em especial, porque amo a Terra de um modo muito diferente da maioria das pessoas. Sequer consigo explicar. Sei que tenho uma enorme parcela de culpa por essa visão tão triste Dela.
Mas ao menos estou no caminho para me corrigir. Fico atenta em minhas pequenas imperfeições, um dia consigo, no outro escorrego, em outro acho que vou desistir. Mania boba de Espírita dizer: acho que ainda não estou pronta para mudar isso, ainda não cheguei lá. Enganamos a quem? É só querer. Toda hora é hora de mudar, de melhorar. Já ouvi alguém dizer : uma imperfeição de cada vez. Caso contrário não conseguiremos nada.
Estou tentando e sei que vou conseguir, porque o minímo que ando conquistando, está me mostrando como posso ser mais feliz, mais leve.
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